quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Solidão III - Clarice, quando crescer quero ser que nem você!

"...Que minha solidão me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."
Clarice Lispector

Solidão II

Sei que muitos já escreveram sobre isso... não faz mal. Pra mim será a primeira vez. Venho dizer sobre o sentimento inevitável da solidão. Sobre o momento em que a descoberta desta condição nos cai sobre os ombros, cabeça, consciência, sobre todos os corpos.

Me aconteceu recentemente. Senti no osso o peso da solidão, da incapacidade que temos de dividir em certos momentos. Não por não ter com quem, não. Por não poder. Por ser impossível. Tem certas coisas que a gente faz sozinho, a gente decide sozinho, a gente sofre sozinho.

Ouvi dizer uma vez algo real: "do olho pra dentro, somos sozinhos." Dividimos com o mundo o que está fora, mas o de dentro ninguém compartilha. Nem por palavras, nem por toques, nem por nada. É particular, somente meu e seu, incompartilhável. A gente não sente junto. Sentir é solitário. Viver é solitário.

Solidão

"Haverá maior solidão do que a ausência de si?"
Clarice Niskier

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Angústia

O que é a angústia senão um sentimento incômodo indefinido?
Você sabe dizer assim, 100% de certeza, o motivo de sua angústia?
Eu não... só sei que aqui dentro, tudo revirado.

A Menstruação se aproxima e este momento maximiza tudo que sinto, cheiro ou vejo.

Aguçada!!!

Assim me sinto... (Já reparou quantos posts em 31/07?!)

Ainda bem que hoje saio pra dançar.

E faço expelir pelo suor essa angústia e toda coisa ruim de dentro de mim.

Salvem-me a música e a dança!

Esses dias

Sentia-se como um ser estranho ao próprio ninho.
Tinha pensamentos de improváveis encontros e reconciliações – desejos ocultos?
Passava o tempo consumida por sensações de torpor e calafrio.
É só o tempo passando, pressentiu.

Mulheres!


Ah, as mulheres...
Quem pode entendê-las?
Mas quem é capaz de não amá-las?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Maternidade



É comum mulheres na minha faixa etária começarem a sentir o famoso relógio biológico intensificando seu tic-tac, alertando-as sobre o curto tempo restante até colocarem em prática o glorioso momento da maternidade. E eu, como já disse antes e confesso sem nenhum problema, não sou diferente de ninguém. Alterno fases de uma vontade incrível de ser mãe com outros em que me toma uma racionalidade ímpar dizendo: "imagina! você não dá conta nem de si mesma..."

Pois é. Não dou mesmo. Dia desses fui almoçar com um amigo querido e veio à tona o assunto da novidade mais fresquinha da minha vida: estou morando sozinha. Ele, na minha faixa etária, chegando aos 30, disse que não entende uma decisão dessas! Morar na casa da mamãe é tão bom!! Pra que sair? Foi aí que me saí com uma resposta surpreendente, que me veio somente naquele momento, mas que depois me fez pensar no assunto. Eu disse: "já estou com quase 30 anos, daqui a pouco vou querer ser mãe. Preciso aprender a cuidar de mim, porque vou ter que dar conta de uma família. Já imaginou aprender tudo-ao-mesmo-tempo-agora?" Mas não é mesmo? Sei que muita gente aprende tudo ao mesmo tempo, mas eu sinceramente prefiro me preparar no que for possível.

Outra coisa relacionada a este assunto que me ocorreu essa semana foi o relato de uma amiga. Ela disse que está recebendo pressões familiares para congelar óvulos. Caraca!! Já pensou? A gente agora ainda por cima nem dos próprios óvulos tem propriedade sem que a família meta o bedelho. Mas pra quem não tem relacionamentos nem perspectivas matrimoniais pela frente, bem que pode ser uma boa saída. Se bem que eu sou muito a favor do padrão tradicional de família: papai, mamãe e de preferência irmãozinhos, pelo menos um. Triste demais ser filho único nesse mundo.
Mas isso tudo pra dizer que hoje me deu um ataque de desejo de maternidade. Não me lembro bem como, nas minhas viagens pela internet, cheguei a umas reportagens sobre mães que dão banhos em seus bebês em baldes, em vez de banheiras. E achei essas imagens lindas...
É ou não é pra morrer de vontade de ter um desses?
Tenho ouvido pessoas se perguntando se vale mesmo a pena colocar mais um sofredor nesse mundo cão. Outras, mais otimistas, dizem que temos sim que colocar, para que sejam elas as responsáveis pela transformação do mundo em um lugar melhor. Eu ainda não sei se concordo com um ou com outro, ambos têm seus pontos de razão... eu sei que quero ter um filhotinho, para dar a mais alguém o direito de fazer da sua vida o que lhe convier, para ajudá-lo com meu amor e apoio, para ver um ser humano crescendo e amadurecendo, para participar da humanidade como alguém que reproduziu seus valores e sentimentos, mesmo que às vezes imperfeitos e feios, para ser alguém com coragem o suficiente para ter responsabilidade por aquela vida por tantos anos, tantos quanto necessário. Para aprender e crescer ensinando o que já aprendi, mostrando o mundo a um serzinho que me escolheu como guardiã nesta estada temporária.
Eu quero.